Por mais que o ensino EaD tenha evoluído muito nos últimos anos, ainda rola um certo olhar torto por parte de quem está em cursos presenciais. É como se estudar a distância fosse sinônimo de “menor esforço”, “ensino fraco” ou até “formação de mentira”. Mas será que essa visão faz sentido mesmo?
Antes de embarcar nesse papo, vale lembrar que a gente está numa era em que aprender de forma remota não só é possível como, em muitos casos, é a única saída viável para quem precisa equilibrar trabalho, estudo e vida pessoal. Então, por que tanto preconceito com a faculdade a distância?
O tal preconceito: de onde vem isso?
Muitos estudantes presenciais ainda veem o ensino EaD com certo desdém. Às vezes, nem é por mal — é mais por desconhecimento ou influência de uma cultura que sempre valorizou a educação “de corpo presente”, com quadro branco, carteiras enfileiradas e professor em pé falando por horas.
Esse estigma pode vir de várias fontes, assim como:
Falta de informação: pouca gente sabe como funciona de verdade uma faculdade a distância.
Comparações injustas: nem todo curso presencial tem qualidade superior, assim como nem todo curso EaD é ruim.
Tradição acadêmica: o modelo presencial é visto como “o certo” porque foi o padrão por muito tempo.
Experiências ruins isoladas: uma vivência negativa em um curso online pode gerar generalizações.
E claro, ainda há a crença de que no ensino EaD “é só dar play no vídeo e pronto”, o que está longe de ser verdade.
Realidades diferentes, mas não inferiores
Quem opta por uma faculdade a distância geralmente tem uma rotina puxada. São pessoas que trabalham o dia todo, cuidam da casa, dos filhos, e ainda acham tempo para estudar — tudo isso com muito planejamento e força de vontade.
Esses alunos não têm a presença física do professor, mas em compensação precisam ser altamente organizados, disciplinados e autônomos. Em alguns casos, o esforço é até maior do que em cursos presenciais.
Além disso, o EaD hoje não é mais aquele ensino limitado de antigamente. Com plataformas robustas, tutores ativos, fóruns interativos e ferramentas tecnológicas de ponta, o aprendizado ganhou novas camadas. E se você ainda tem dúvidas, dá uma olhada em como a inteligência artificial já está ajudando nos estudos universitários.
Outro ponto que costuma ser ignorado nesse debate é que o ensino EaD também pode promover mais inclusão. Pessoas que vivem longe dos grandes centros urbanos, com dificuldade de locomoção ou limitações financeiras, muitas vezes só conseguem acessar o ensino superior graças ao modelo a distância. Nesse sentido, o EaD não é apenas uma alternativa prática — é uma ponte para democratizar o conhecimento e ampliar o acesso à educação de qualidade no Brasil inteiro.
Qualidade do ensino: EaD x Presencial
Vamos quebrar um tabu aqui: a qualidade de um curso não depende exclusivamente do formato, mas da estrutura, do projeto pedagógico, do corpo docente e do engajamento dos alunos.
Existem cursos presenciais com uma estrutura precária e professores desmotivados, assim como existem cursos EaD com materiais atualizados, professores mestres e doutores e atividades que realmente desenvolvem o pensamento crítico.
A chave está na seriedade da instituição e no comprometimento de quem está ali para aprender — seja no campus ou pela tela.
EaD é “mais fácil”? Bora desmistificar isso
Essa é uma das frases mais injustas que um estudante EaD pode ouvir. Na real, o ensino a distância cobra bastante autonomia e foco. Não tem professor insistindo para você entregar o trabalho, nem colega chamando pra montar grupo. É você por você mesmo, com disciplina no nível hard.
Além disso, as avaliações podem ser tão exigentes quanto nas faculdades presenciais. Muitos cursos exigem encontros presenciais obrigatórios, provas monitoradas e até estágios supervisionados. Ou seja, não é moleza.
Quem estuda EaD não se conecta com ninguém?
Outro estigma que pega é a ideia de que o aluno EaD vive isolado. Mas isso não é verdade. Fóruns, grupos de WhatsApp, mentorias online e até eventos presenciais fazem parte da rotina de muitos estudantes a distância.
Com a tecnologia, dá pra construir uma rede de contatos tão poderosa quanto a de quem estuda presencialmente. A diferença está na forma como essa conexão acontece.
E falando em vivências diferentes, vale muito a pena refletir sobre como o tipo de universidade também influencia na jornada acadêmica. Se esse assunto te interessa, dá uma olhada neste comparativo entre universidade pública e particular, que levanta várias questões importantes.
A visão do mercado de trabalho
Muita gente acha que o diploma EaD “vale menos” no mercado. Isso já foi verdade no passado, mas hoje está mudando. Inclusive, com o avanço da tecnologia e o crescimento das universidades sérias que oferecem EaD, o cenário vem se transformando.
Empresas estão mais preocupadas com as habilidades práticas, a experiência profissional e a capacidade de resolver problemas do que com o formato da graduação. Aliás, em muitos casos, o perfil autônomo e proativo do aluno EaD é valorizado justamente por essas características.

O papel da comunidade acadêmica nesse debate
Nós, como comunidade universitária, temos uma responsabilidade aqui. Em vez de perpetuar rótulos ultrapassados, que tal valorizar as diferentes formas de aprender?
Todo mundo ganha quando há mais respeito entre os formatos de ensino. Afinal, a universidade — seja ela física ou virtual — é o espaço onde a troca, a diversidade e o pensamento crítico devem ser cultivados.
Respeitar a jornada do outro é também reconhecer que existem múltiplos caminhos para chegar ao conhecimento. E todos eles têm seu valor.
Quando o preconceito se dissolve, o aprendizado se multiplica
O ensino EaD não veio para competir com o presencial, mas para ampliar possibilidades. E enquanto uns ainda torcem o nariz, outros estão construindo carreiras sólidas, aprendendo com qualidade e vencendo desafios reais com a ajuda da educação a distância.
O importante é olhar além dos rótulos. Porque, no fim das contas, o que vale mesmo é o conhecimento que você leva consigo — seja na sala de aula ou do outro lado da tela.