A faculdade te deixou ansioso ou já era ansiedade antes?

Você já parou para pensar se entrar na faculdade te deixou ansioso ou será que essa ansiedade vem de antes? Bom, talvez seja um pouco dos dois. E tá tudo bem.

Você começou a faculdade achando que ia ser só festa, aprendizado e café com pão de queijo na cantina — mas, no meio do caminho, veio aquele aperto no peito, o pensamento acelerado e a vontade de sumir em plena segunda-feira de aula.

Se você já se perguntou se a ansiedade apareceu por causa do ambiente universitário ou se ela apenas ganhou um palco novo para se exibir, vem com a gente. Essa conversa é pra você.

Quando a mente não desliga no campus

A rotina acadêmica pode ser um terreno fértil para a ansiedade florescer. Afinal, são trabalhos em grupo (às vezes mais difíceis que o conteúdo), provas acumuladas, pressão para escolher um futuro, estágios, TCC, expectativas da família e mais um monte de fatores invisíveis que vão pesando.

E não estamos falando só de achismos: uma pesquisa da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) revelou que mais de 80% dos estudantes universitários já sentiram algum sintoma de transtorno mental durante a graduação. Isso inclui crises de ansiedade, episódios depressivos e estresse crônico.

Em um ambiente onde tudo muda rápido — desde o cronograma de aula até as amizades —, manter a saúde mental em dia vira uma tarefa tão importante quanto passar nas matérias.

Mas e aí… foi a faculdade que causou essa ansiedade?

Talvez sim. Talvez não. A verdade é que a faculdade pode tanto agravar uma ansiedade preexistente quanto despertá-la em quem nunca teve sintomas antes.

Muita gente entra na universidade com a saúde mental já fragilizada, por questões familiares, histórico pessoal ou até pelo peso da cobrança social. A transição do ensino médio para a faculdade costuma vir cheia de expectativas irreais, e quando a realidade bate à porta, a frustração pode gerar angústia e sensação de impotência.

Por outro lado, existem estudantes que passam a sentir os primeiros sintomas apenas depois de entrar na vida universitária — justamente por não estarem preparados para o ritmo intenso, a cobrança interna ou a solidão que, às vezes, bate forte mesmo cercado de pessoas.

O ciclo invisível da ansiedade acadêmica

Ansiedade não é só preocupação. Ela pode se manifestar de formas sutis (como insônia, dificuldade de concentração e irritabilidade) ou mais intensas (crises de pânico, taquicardia, sensação de sufoco). E quando isso entra em loop com a rotina da faculdade, o rendimento despenca, o sono desaparece e a motivação vira item de luxo.

A gente sabe que tem quem ache “normal” virar noites estudando ou que “é só uma fase”. Mas ignorar os sinais só atrasa a busca por ajuda. Inclusive, se você já passou da quarta madrugada seguida de olho nos slides da aula ou tomando energético como se fosse água, dá uma olhada neste conteúdo aqui: O que acontece com o seu corpo ao virar a noite estudando.

Spoiler do spoiler: seu corpo não curte essa vibe.

Ansiedade digital: o lado invisível das telas na vida universitária

Além das aulas, trabalhos e provas, a tecnologia virou extensão do nosso corpo na faculdade. Grupos de WhatsApp da turma, notificações de prazos no e-mail, plataformas acadêmicas com prazos e mais prazos… Isso sem falar das redes sociais, onde todo mundo parece estar se saindo melhor que você.

Esse excesso de estímulo digital pode intensificar os sintomas de ansiedade. O medo de perder algo (o famoso FOMO) e a comparação constante com os outros criam um cenário onde o descanso mental quase não existe. Diminuir o tempo de tela e definir horários offline pode ajudar — e muito — na sua saúde emocional.

Tá difícil? Você não tá sozinho

Existe uma ideia equivocada de que sentir ansiedade é sinônimo de fraqueza. Isso só aumenta o silêncio ao redor do tema, fazendo com que muita gente sofra calada com medo de parecer “fraca” ou “incapaz”.

Mas olha só: pedir ajuda é um dos maiores atos de coragem. Procurar atendimento psicológico dentro da universidade (muitas oferecem serviços gratuitos), conversar com amigos, professores ou até mesmo fazer pausas reais pode fazer toda a diferença.

Aliás, tem um ponto importante aqui: nem sempre o problema é só com você. Às vezes, é o curso que não conversa com o que você acredita ou com seu jeito de aprender. Nesse caso, você precisa ler isto aqui: O que fazer quando seu curso te desmotiva e você não quer trancar.

A decisão de continuar ou mudar de rota pode, sim, aliviar bastante o peso da ansiedade.

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Cuidar da mente também faz parte do cronograma. Entenda a necessidade sobre falar sobre saúde mental na faculdade. / Foto: Unsplash.

E se a gente normalizasse falar de saúde mental nas universidades?

Chega de fingir que tá tudo bem quando não tá. Se o espaço universitário é onde a gente se prepara para o mundo, ele também precisa acolher quem tá tentando sobreviver dentro dele.

Levar a saúde mental a sério na faculdade é entender que a vida acadêmica não é só feita de notas boas e certificados pendurados na parede. É feita também de dias difíceis, crises inesperadas e pausas necessárias.

E tá tudo bem não dar conta de tudo. Ninguém dá.

Dicas rápidas pra lidar com a ansiedade na faculdade

Mesmo que a ansiedade ainda esteja presente, dá pra buscar estratégias que ajudem a amenizar os impactos:

  • Crie uma rotina com momentos de descanso reais (sem só ficar no celular).

  • Pratique mindfulness ou meditação guiada (tem vários apps legais!).

  • Faça listas de prioridades para não se afogar nas tarefas.

  • Converse com pessoas de confiança sobre o que está sentindo.

  • Se possível, procure ajuda profissional (psicólogos, psiquiatras ou terapeutas).

Faculdade é desafio, mas não precisa ser sofrimento

Nem todo dia vai ser incrível, e isso não significa que você está falhando. Ansiedade faz parte da experiência humana, e o ambiente universitário — apesar de caótico às vezes — pode, sim, ser um lugar de transformação. Mas pra isso, a gente precisa cuidar da mente com o mesmo empenho que cuida das provas finais.

Se a ansiedade está gritando por dentro, não ignore. Ela pode estar dizendo que algo precisa mudar. E tudo bem começar essa mudança agora.

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