Tem séries que retratam a faculdade como se fosse um grande acampamento de verão com provas no final. E tem série que realmente acerta em cheio — seja nas tretas com os professores, nos perrengues financeiros ou nas amizades que salvam (e complicam) tudo. Quando o assunto é vida universitária, algumas produções audiovisuais conseguiram capturar essa montanha-russa emocional com um pé na ficção e outro na realidade.
E se tem uma coisa que a gente aqui do HiCampi adora, é quando cultura pop se aproxima da nossa bagunça organizada chamada vida acadêmica. Então, se você é do tipo que assiste séries não só pra rir ou chorar, mas também pra se identificar (ou pelo menos julgar), esse post é pra você.
4 representações reais da vida universitária nas séries
Nem toda série precisa ser um espelho fiel da vida. Mas quando a trama consegue captar a essência da faculdade — os altos, os baixos e os “não sei o que tô fazendo aqui” — já vale o play.
1. Dear White People (Netflix)
Essa aqui mergulha fundo em questões raciais, identidade e militância dentro de uma universidade americana. Apesar do tom satírico, as discussões são profundas e mostram muito da pressão e da busca por pertencimento no ambiente universitário. A faculdade como um espaço de formação política e social aparece com força.
2. Community (Netflix)
Beirando o nonsense, Community é uma das séries mais criativas sobre vida acadêmica. Sim, é uma comédia com episódios surreais, mas por trás da loucura tem muita verdade sobre os relacionamentos improváveis que surgem na faculdade, as inseguranças, as crises de identidade e aquele sentimento eterno de “tô perdido, mas tô indo”.
3. How to Get Away with Murder (Netflix)
Ok, a maioria de nós não passa os dias escondendo corpos com a professora de Direito Criminal, mas HTGAWM traz à tona a intensidade da faculdade de Direito e a exaustão mental que vem com ela. Pressão, competitividade, dilemas éticos… dá pra se identificar em vários níveis, mesmo que você não esteja numa faculdade com assassinatos no currículo.
4. The Chair (Netflix)
Uma joia menos comentada da Netflix que traz Sandra Oh como presidente de um departamento universitário. Aqui, a série mostra os bastidores do mundo acadêmico com todos os seus conflitos geracionais, políticas internas e a busca por relevância num sistema que precisa (e resiste) a mudanças.
Quando o roteiro passou dos limites
A arte nem sempre copia a vida e as vezes o streaming não dá match com a realidade. Nem tudo são flores nos roteiros universitários. Tem série que claramente nunca viu um campus de verdade.
Glee (Fox)
Apesar de ser centrada no ensino médio, muitos personagens acabam indo pra faculdade — e é aí que a coisa desanda. A representação é superficial, as aulas praticamente não existem e tudo gira em torno de performances mirabolantes. É divertido? Sim. Mas realista? Quase nunca.
Riverdale (Netflix)
Temos aqui uma prova de que faculdade pode ser só um pano de fundo pra qualquer maluquice que o roteiro quiser. Os personagens estão na universidade, mas ninguém estuda. Em vez disso, temos cultos secretos, tráfico, mafiosos e até universos paralelos. Literalmente tudo, menos boletos e seminários.
Greek (ABC Family)
Essa série se propõe a retratar a vida nas fraternidades e irmandades universitárias americanas. Embora toque em temas relevantes como identidade e relações familiares, a maioria das tramas gira em torno de festas, disputas e dramas amorosos. A vida acadêmica mesmo fica de escanteio.

Por que essas séries funcionam? (ou não)
Quando uma série decide se aventurar pelo universo da faculdade, ela pode seguir dois caminhos: ou vai fundo nas dinâmicas reais e acerta no drama e no humor com os quais os universitários se identificam, ou cria uma realidade paralela que pode até entreter, mas não passa nem perto da vida como ela é.
O que faz uma produção se destacar não é só mostrar a sala de aula ou a biblioteca — mas trazer o sentimento real de estar nesse ambiente. A ansiedade, os vínculos, o medo do futuro, os momentos de brilho e os apagões existenciais. Quando isso aparece de forma honesta, mesmo com pitadas de exagero, é sucesso.
O impacto cultural e emocional dessas produções
Séries que acertam na representação da faculdade fazem mais do que entreter. Ou seja, elas ajudam a gente a se sentir menos sozinho, validam nossos perrengues e até levantam debates importantes que a sala de aula muitas vezes ignora.
Além disso, ver experiências parecidas com as nossas na tela pode ser inspirador, especialmente quando os personagens crescem, caem, levantam e seguem tentando — igualzinho a quem tá no meio de um TCC atrasado com um café na mão e olheiras na cara.
Ah, e se você curte esse tipo de produção, a gente já listou também filmes que todo universitário deveria assistir antes de se formar. Vai lá depois conferir.
Mas e as séries brasileiras, cadê?
Apesar do boom de produções nacionais nos últimos anos, ainda são poucas as séries brasileiras que se propõem a retratar a faculdade como pano de fundo principal. Dá pra contar nos dedos os roteiros que mergulham no cotidiano universitário daqui — com toda a diversidade social, os desafios do ensino público e o jeitinho caótico que só quem faz faculdade no Brasil conhece.
Seria incrível ver mais narrativas ambientadas em centros acadêmicos brasileiros, com personagens que pegam ônibus lotado, fazem vaquinha pro café e ainda discutem TCC às 2h da manhã.
Cursos além do Direito e Medicina, por favor!
Pois é, se você reparar bem, a maioria das séries que se passam na faculdade gira em torno de cursos como Direito, Medicina ou Comunicação. Mas, vamos combinar: onde estão os estudantes de Letras, Engenharia, História, Matemática ou Artes?
A faculdade é um universo vasto e cheio de histórias únicas. Falta representatividade acadêmica nos roteiros — e isso abre espaço pra tramas supercriativas e diferentes do que já estamos acostumados. Imagina uma série ambientada em um laboratório de pesquisa ou numa aula de metodologia científica? Tem drama, tem comédia, tem tudo!
E aí, o que você acha que tá faltando nas séries sobre faculdade?
Apesar de alguns acertos incríveis, ainda tem muita coisa que a cultura pop ignora sobre a faculdade — como a diversidade de cursos, a vivência em instituições públicas, as dificuldades socioeconômicas e os problemas de saúde mental.
Talvez esteja na hora de mais roteiristas visitarem um campus de verdade e trocarem ideia com quem vive o rolê. Afinal, a vida universitária é um prato cheio de histórias — dramáticas, engraçadas, absurdas e muito reais.
Spoiler: todo universitário vive suas próprias séries
Em resumo, a maioria das séries conseguem, sim, captar parte do que é viver a faculdade — mesmo com uma ou outra viagem no roteiro. Isso porque, entre exageros e boas sacadas, elas criam pontes entre o entretenimento e a realidade, ajudando a gente a rir dos próprios tropeços ou simplesmente sentir que não tá sozinho nessa jornada.
E se tem algo que une todos os universitários (seja da ficção ou da vida real) é o caos criativo de estar tentando dar conta de tudo ao mesmo tempo. Por isso, vale continuar explorando essas histórias e, quem sabe, se ver em algum episódio por aí.