Entrar na faculdade é abrir a porta para um universo novo – e, em muitos casos, isso inclui mudar de cidade e encarar a primeira experiência de vida fora da casa dos pais. É aí que as repúblicas universitárias (ou reps) entram em cena. Mais do que apenas moradias coletivas, elas viram palco de amizades, aprendizados, desafios e, claro, algumas tretas pelo caminho. Se você está cogitando viver em uma, vale entender como funciona esse ecossistema único que mistura liberdade, responsabilidade e muito café.
Como funcionam as repúblicas universitárias?
A base é simples: um grupo de estudantes divide uma casa ou apartamento, dividindo também despesas e responsabilidades do dia a dia. Mas a vivência vai muito além disso.
Geralmente, as repúblicas têm um sistema de organização próprio, com regras definidas pelos moradores – desde a escala de limpeza até o número de festas por mês. Em algumas, a entrada de novos moradores exige até um “processo seletivo” com entrevistas, dinâmicas ou até trotes (alguns bem leves, outros nem tanto…).
Há também as chamadas repúblicas vinculadas a universidades públicas, como na USP ou Unicamp, onde o estudante se inscreve para uma vaga e pode pagar um valor simbólico ou até morar de graça, dependendo do perfil socioeconômico.
Tipos de república: uma para cada vibe
Não dá pra colocar tudo no mesmo balaio. Existem diversos estilos de repúblicas universitárias, e a escolha certa pode fazer toda a diferença na sua experiência:
Festivas: sempre tem música alta, galera animada e agito. São ideais pra quem curte socializar e não liga tanto pra silêncio.
Acadêmicas: mais tranquilas, com foco nos estudos. O pessoal costuma se ajudar nas provas e trabalhos.
Religiosas: seguem valores e rotinas específicas, com base em práticas religiosas. Geralmente são bem organizadas.
Veganas ou sustentáveis: com foco em alimentação e estilo de vida eco-friendly, compostagem, hortinhas e cardápio cruelty-free.
Mistas ou de afinidade: grupos que se unem por outros interesses – ativismo, esportes, cultura pop, etc.
Quanto custa morar em uma república?
O valor varia muito conforme a cidade, a estrutura do imóvel e o número de moradores. Em cidades universitárias como Viçosa, Ouro Preto, Lavras ou São Carlos, dá pra encontrar repúblicas com aluguel em torno de R$300 a R$600 por pessoa.
Mas atenção: além do aluguel, é importante considerar contas de luz, água, internet, gás e fundo de manutenção (aquele dinheirinho pra consertos e imprevistos). Em algumas repúblicas, existe uma taxa mensal extra para cobrir festas, confraternizações e até materiais de limpeza.
O número de moradores também influencia: quanto mais gente, mais barato costuma ser – mas também maior o desafio da convivência. Por isso, alinhar expectativas é essencial. Ou seja, combine antes quem paga o quê, como serão divididas as contas e o que acontece em caso de imprevistos. Nada pior do que tretar por causa de boleto vencido.
Ah, e se ainda está na dúvida entre dividir um apê ou cair de cabeça em uma rep, a gente falou mais sobre isso neste guia completo que pode te salvar de ciladas.
Como escolher a melhor república para você?
Nem toda república combina com todo mundo – e tá tudo bem. Antes de fazer as malas, vale refletir:
Prefere silêncio ou agito?
Consegue conviver com rotinas diferentes da sua?
Está disposto a dividir responsabilidades de forma justa?
Curte uma vibe mais coletiva ou precisa de mais espaço individual?
Além disso, visite a república, converse com os moradores e, se der, tente passar uns dias por lá. Sentir o clima da casa pode evitar muitos arrependimentos. Lembre-se: a convivência pode ser incrível, mas só se for com as pessoas certas pra você.
A convivência: o que esperar de verdade
Prepare-se para aprender na marra a lavar sua louça, respeitar o espaço alheio e lidar com diferenças. Conviver com outras pessoas, cada uma com sua criação, rotina e hábitos, exige paciência e jogo de cintura.
Entre as maiores tretas relatadas por moradores de república, estão:
Louça acumulada;
Barulho em horários indevidos;
Convidados frequentes demais;
Aquele mistério de quem comeu a comida alheia da geladeira.
Mas tem também o lado bom (e não é pouca coisa). Afinal, morar em república é construir laços fortes, trocar experiências, receber conselhos de veteranos, fazer festas épicas e ter sempre alguém pra te ajudar nos perrengues – ou rir deles com você.

Relatos reais de quem vive a experiência
Beatriz, 21 anos, Lavras (MG):
“Entrei numa república acadêmica. No começo foi um choque, mas depois virou minha segunda casa. Ajudamos uns aos outros com as provas, e o grupo virou família.”
Lucas, 24 anos, Ouro Preto (MG):
“A minha é superfestiva, a galera é animada e organizada. Tem festa temática quase todo mês. Já morei em rep tranquila e rep caótica, essa tá no meio-termo.”
Carolina, 22 anos, São Carlos (SP):
“Moro numa rep vegana e a vibe é maravilhosa. Todo mundo cozinha junto, temos uma horta e reciclamos tudo. Mudou minha forma de viver.”
Renan, 26 anos, ex-morador em São João del-Rei:
“Hoje moro sozinho e tenho saudade da bagunça organizada da rep. Aprendi a cozinhar, pagar conta e resolver treta com diplomacia. Foi a melhor escola que eu poderia ter tido.”
Esses relatos mostram que, mesmo com estilos diferentes, o espírito das repúblicas é o mesmo: viver em comunidade, aprender a compartilhar e crescer junto.
Repúblicas pelo Brasil: experiências que mudam a vida
Algumas cidades universitárias têm uma cultura de repúblicas tão forte que a vibe local gira em torno disso. Ouro Preto, por exemplo, é um símbolo disso, com repúblicas tradicionais que passam de geração em geração. Por outro lado, em Viçosa, a variedade de estilos chama atenção, com repúblicas que recebem calouros de todo o Brasil.
Em cidades como Piracicaba, São João del-Rei e Santa Maria, a presença das repúblicas também é marcante. Aliás, nessas cidades, a república vira um espaço de acolhimento para quem chega, especialmente pra quem não conhece ninguém e está começando do zero.
Vale a pena morar em repúblicas?
Sobretudo, se você busca uma vivência intensa, cheia de histórias, amizades, aprendizados (e talvez um pouco de loucura), morar em uma república universitária pode ser uma das fases mais marcantes da sua vida.
É claro que vai ter perrengue, DR sobre quem lavou o banheiro ou sumiço misterioso do seu iogurte. Mas, no fim, você vai ter histórias pra contar, memórias que vão durar muito além da graduação e, quem sabe, até um grupo de amigos pra vida toda.
Enfim, a escolha é sua – mas se decidir encarar essa aventura, pode esperar uma montanha-russa de descobertas. Em resumo, no fim das contas, viver em uma república universitária é aprender a viver com os outros… e com você mesmo.