Já se foi o tempo em que horas complementares significavam apenas palestras obrigatórias e cursos genéricos no final do semestre. Hoje, muitas faculdades estão repensando essa etapa da formação acadêmica, trazendo novas formas de tornar o aprendizado extracurricular mais dinâmico, personalizado e — por que não? — até divertido.
Se você já se perguntou por que precisa preencher tantas horas extras além das disciplinas obrigatórias, vem com a gente entender como algumas instituições estão virando o jogo e mostrando que as horas complementares podem ser uma oportunidade de ouro para explorar talentos, refletir e até criar um podcast.
Quando a criatividade entra na grade: novas formas de aprender fora da sala
A obrigatoriedade das horas extras existe para garantir que os alunos tenham experiências além da sala de aula. Mas algumas faculdades resolveram parar de apenas exigir e começaram a propor. Resultado? Modelos inovadores que valorizam mais do que certificados empilhados: priorizam experiências transformadoras.
Faculdades que inovaram nos modelos de horas complementares
1. Diário reflexivo: sim, pensar também conta
A Universidade Federal do ABC (UFABC) implantou uma proposta que valoriza o diário reflexivo. Em vez de só entregar certificados de participação, os alunos escrevem sobre como determinada atividade impactou seu desenvolvimento pessoal e acadêmico. O resultado é um processo mais introspectivo, que valoriza a jornada — e não só o destino.
Essa abordagem ajuda a desenvolver o senso crítico e a habilidade de conectar o que foi vivido com os objetivos profissionais. Ou seja: menos papelada, mais propósito.
2. Podcast como atividade complementar? Tá liberado!
Na Universidade de Brasília (UnB), projetos autorais também entram no pacote. Se o estudante quiser produzir uma série de podcasts sobre temas do seu curso ou relacionados ao universo acadêmico, vale hora complementar sim! A produção é analisada por critérios de relevância, esforço envolvido e impacto da iniciativa.
Essa alternativa é perfeita pra quem tem o dom da comunicação, curte compartilhar conhecimento e quer sair da caixinha na hora de preencher as atividades extracurriculares.
3. Gamificação: jogando para aprender (e pontuar)
Na Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul, a lógica foi além: criaram uma plataforma gamificada. Por meio de um sistema de pontos e conquistas, os alunos podem cumprir desafios acadêmicos, como mentorias, eventos e ações sociais. A cada conquista, acumulam pontos que viram horas complementares.
Isso mesmo: você pode cumprir parte da sua carga horária jogando — desde que o jogo seja a sua própria jornada de desenvolvimento.
4. Projetos interdisciplinares e aprendizado prático
Faculdades como o Insper e a ESPM vêm apostando em projetos integradores como fonte de horas complementares. Em vez de separar o que é “extra” do que é “curricular”, essas instituições permitem que o aluno desenvolva projetos reais, com clientes reais, e acumule essas experiências no seu histórico.
Esses modelos colocam o estudante como protagonista de soluções para problemas concretos, dando sentido ao aprendizado e, de quebra, preenchendo horas com atividades que fazem diferença de verdade no mercado de trabalho.
Modelos inovadores que ainda podem ganhar mais espaço
Apesar de várias faculdades já estarem experimentando novas abordagens, muitas ideias criativas ainda têm potencial para crescer. Veja algumas que mereciam virar tendência:
Criação de clubes estudantis com mentoria reconhecida
Participar de grupos de estudo, clubes de leitura ou cineclubes com encontros regulares e acompanhamento pode render horas — e engajamento real entre os alunos.
Hackathons e maratonas criativas valendo horas
Eventos intensivos com foco em soluções inovadoras (como hackathons, design sprints e bootcamps) são uma baita oportunidade de aprendizado prático que poderia contar como atividade complementar.
Eventos culturais e esportivos organizados por estudantes
Que tal validar o esforço de quem organiza gincanas, festivais e até torneios internos? A logística e liderança envolvidas nesses eventos merecem reconhecimento.
Com mais autonomia e confiança, o próprio corpo estudantil pode virar protagonista na construção das atividades complementares.

Algumas iniciativas de horas complementares que já viraram tendência
Além das inovações pontuais de cada instituição, algumas práticas vêm ganhando espaço e podem aparecer cada vez mais no radar das faculdades:
Trabalho voluntário validado com critérios claros
(Dica: tem um conteúdo só sobre isso no HiCampi — vale conferir aqui)Portfólios digitais integrados com atividades extracurriculares
(Sim, isso existe — e a gente falou neste outro post)Cursos livres online com produção de conteúdo ao final
Em vez de só assistir, o aluno precisa aplicar: criar uma campanha, escrever um artigo, fazer um vídeo etc.
Essas iniciativas valorizam mais o que o aluno faz com o que aprende do que simplesmente o tempo dedicado à atividade.
E os alunos no meio disso tudo?
Claro que, com tantas possibilidades, surge também a dúvida: como organizar tudo isso? A boa notícia é que muitas faculdades passaram a oferecer plataformas para registrar atividades, subir arquivos e acompanhar o progresso — algumas até integram com o ambiente virtual de aprendizagem (AVA).
Mas, além da parte técnica, a principal mudança é cultural. As instituições começam a perceber que os alunos querem mais liberdade e autonomia, e que aprender vai muito além do PowerPoint e das carteiras enfileiradas.
Portfólios criativos: quando o registro vira aprendizado
Em vez de acumular certificados aleatórios, que tal construir um portfólio de experiências que tenha realmente a sua cara? Essa é a ideia por trás de algumas inovações em instituições como a PUC-Rio, onde os alunos organizam suas atividades complementares em plataformas digitais, com links, reflexões e até evidências criativas do que produziram.
Quando o modelo de horas complementares inspira
As horas complementares deixam de ser uma obrigação arrastada e viram uma forma legítima de ampliar horizontes, descobrir paixões e até empreender dentro da universidade. Seja narrando sua própria experiência, criando conteúdo, participando de projetos ou encarando desafios gamificados, o importante é que o aluno se reconheça como parte ativa da própria formação.
E aqui entre nós: se a sua faculdade ainda não oferece essas possibilidades, que tal puxar o assunto com a coordenação? Vai que você ajuda a plantar uma semente?
Por enquanto, seguimos por aqui pesquisando tudo o que pode transformar sua vida acadêmica em algo mais criativo, leve e, claro, cheio de propósito — incluindo as horas complementares, que podem sim virar uma parte memorável da sua jornada.