Rafael Filho: jornalista, mestre em comunicação e colunista aborda a importância da negritude no jornalismo

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Saiba mais sobre o novo colunista do Focas na Rede.

O jornalista Rafael Filho, mestre em comunicação e praticante da umbanda, acaba de se tornar colunista do canal Focas na Rede. Conhecido por sua palestra sobre temas étnicos e antirracistas no MeetComm, Filho busca dar voz às histórias de pessoas negras e seus ancestrais, muitas vezes marginalizadas pela sociedade. Sua trajetória, marcada por conquistas acadêmicas e ativismo, inspira novas gerações de comunicadores e reforça a importância da representatividade negra nos meios de comunicação, ainda tão carente de vozes como a sua.

Prêmio Jovem Talento

Com uma trajetória acadêmica brilhante, no sexto semestre de faculdade em um momento difícil de sua graduação, do qual estava escrevendo muito pouco, participou de um concurso de jornalismo na categoria escrita, a convite da professora Mara Rovida para a competição de jornalismo Jovem Talento “José Hamilton Ribeiro” 2022, do qual participou de um processo longo de palestras. Nesse contexto, Rafael submeteu seu texto sobre um tema desconhecido para si, agronegócio, com entrevistas de especialistas no ramo, como o professor Ricardo Nery de Castro. O jornalista viu uma pauta pouco comentada mas de grande importância, sua matéria “Invasão da Ucrânia completa oito meses e pode gerar mais impacto à produção de alimentos”, concorreu com mais de 100 candidatos, Rafael conta que quando foi chamado pela  professora, ficou apreensivo e recusou, mas depois de um tempo “sentiu a  intuição falando, vai, vai e faz. ”

A premiação ocorreu no restaurante  Coco Bambu de Ribeirão Preto, com a presença do jornalista que dá nome ao prêmio. Ao contar a história no Meetcomm, o jornalista se emociona ao revelar que obteve ajuda para viajar até o dia do evento. Sendo o único selecionado negro e sem ser de uma faculdade de renome de são Paulo no dia da premiação, era estava sem expectativas de pódio, o chamarem o terceiro lugar, não se deu conta que o título chamado era o seu, e diz que só percebeu quando leu o telão, a ficha só caiu dias depois.

Referências e inspirações

Em sua busca por  histórias de negritude a que mais o impactou foi a do professor Jorge Narciso de Matos, falecido em 2003 foi fundador do Nucabe, e sempre lutou pelos negros de Sorocaba, conseguiu chegar a presidência do Rotary e da fundec, ele também lutou para que a prefeitura tivesse um funcionário negro, ao contar essa história, Alves diz que foi uma história de revolucionou sua vida como jornalista, enquanto homem negro e trouxe a tona um personagem muito importante para a cidade que muitos não conheciam e João de Camargo um líder religioso e espiritual de grande importância para a cidade de Sorocaba e para a comunidade negra brasileira.

Nascido como escravizado, ele superou diversas adversidades e construiu um legado duradouro. O  jornalista defende a importância de abordar temas como a negritude e o racismo de forma respeitosa e aprofundada. Rafael Filho se prepara para ser professor universitário e já é uma referência para seus alunos.

Experiências pessoais e profissionais de Rafael Filho

Sua experiência com o projeto escolar (do qual fazia um bate papo) no bairro Ana Paula Eleuterio o aproximou ainda mais da temática da negritude. Isso porque os “bate papos” duraram um pouco mais de um ano e gerou mais proximidade com o movimento negro e negritude, desse conhecimento, veio o convite para o Meetcomm, pela professora Evenize, mesmo apreensivo aceitou o convite e planejou a dinâmica de pessoas conhecidas e desconhecidas.

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Pautas étnicos sociais na MeetComm. Imagem: Labcom / Reprodução.

MeetComm

Com a primeira vez do tema étnico racial na comunicação apresentado no Meetcomm, sua palestra foi sobre a importância de um jornalismo antirracista. Aliás, ao denunciar a invisibilização de referências negras, Filho defendeu a necessidade de uma comunicação mais justa e representativa. ‘A comunicação antirracista é algo que precisa ser contínuo’, afirmou, questionando a escolha das fontes jornalísticas: ‘Será que estamos lendo e ouvindo as pessoas certas?’”

Religiosidade

Filho relata que, apesar do preconceito duplo que enfrenta, seu contato com a negritude o aproximou da religião afro brasileira umbanda. Aliás, o palestrante conta uma experiência positiva em sala de aula durante seu curso de administração: em uma aula de religião a dinâmica era trazer um representante das religiões escolhidas.

Rafael conta que trabalhava em um banco na época e sempre ia as aulas de social. Porém, nesse dia foi com a roupa característica da umbanda, com suas guias e roupa branca e a reação da turma foi bem respeitosa, afirma: “viram que ser umbandista não deixava a pessoa ser anormal, viram que o Rafael que conheciam era o mesmo Rafael da umbanda”.

Porém, nem sempre as reações são positivas. O comunicador acabou lembrando de um episódio onde uma pessoa rejeitou doces acusando ser “daquele lugar que você vai”. Fazendo uma referência preconceituosa aos doces de Cosme e Damião. Para Rafael: “o preconceito persegue a pessoa e é alienante”.

Rafael Filho e o jornalismo antirracista

Ao falar sobre jornalismo antirracista, Rafael Filho enfatiza a importância da pesquisa, do respeito à ancestralidade e da escuta ativa. “Estudem, antes de falar, evitando julgar. Pesquisem, consultem, ouçam, respeitem a ancestralidade. Qualquer pessoa antes de mim é meu ancestral, é importante resgatar e nunca esquecer quem veio antes”, afirma o jornalista.

Focas na Rede?

Focas na Rede é a agência experimental de jornalismo da Universidade de Sorocaba (UNISO). A princípio, criada para dar aos alunos a oportunidade de praticar o que aprendem em sala de aula. Nesse sentido, a agência produz conteúdo variado, como notícias, reportagens, entrevistas e colunas de opinião.

Em sua formação utilizou a agência como fonte de crescimento pessoal no jornalismo e abateu a maioria de suas horas complementares. Como uma janela de possibilidades, desenvolveu matérias com seu olhar e ganhou destaque pela matéria “Samba autoral resiste em sorocaba”.

Rafael Filho: uma vez foca sempre foca

Agora em seu mestrado de comunicação e cultura, Rafael ainda participa da agência, aparecendo pela primeira vez um colunista no site. Aliás, o mestrando ocupa esse lugar, todas as terças feiras. Além disso, em um comunicado de chamada no Instagram ele diz que irá trazer negritude, cultura popular, histórias do dia a dia que podem virar crônicas, acontecimentos de Sorocaba e muito mais.

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