A vida universitária tem uma linguagem própria — e entender esse idioma pode ser a diferença entre se sentir perdido ou se enturmar logo nos primeiros dias. Para calouros e veteranos, as gírias universitárias funcionam como um verdadeiro código de sobrevivência. Elas carregam histórias, dores, memes e muita zoeira. E sim, às vezes é preciso mais do que um bom boletim: é preciso saber o que significa “tomar pau” sem levar pro lado pessoal.
Se você ainda está tentando decifrar o que um veterano quis dizer quando soltou um “ihhh, vai rodar bonito” ou se já está no terceiro semestre e ainda confunde “trote” com “cacetada”, respira fundo. A gente montou esse guia que vai muito além de traduzir expressões — é quase uma tour pela alma da faculdade.
Calouros e veteranos falam a mesma língua? Depende da região, do curso e do tempo
Nem toda gíria é universal. Muitas expressões mudam de faculdade para faculdade, de curso para curso e até de estado para estado. “Gelar matéria” pode ser comum no Sul, enquanto no Nordeste o pessoal diga “trancar”.
Já os jargões são mais técnicos, usados principalmente em contextos profissionais — e muitos deles surgem pela primeira vez na universidade. E tem ainda as expressões criadas por um grupo específico e que, por algum milagre do Zap e dos memes, viralizam e viram padrão.
Por que gírias são tão importantes no ambiente universitário?
As gírias vão além da zoeira. Elas criam um senso de pertencimento. Em um ambiente novo, com rostos estranhos e uma avalanche de conteúdos e responsabilidades, poder falar “meu Deus, tô de P3 e já tô no sal” e ouvir alguém responder “relaxa, ainda tem substitutiva” é quase terapêutico.
É o tipo de linguagem que transforma o caos em comunidade. Que mostra que, por mais que pareça que tá todo mundo dominando tudo, na real, tá todo mundo só tentando sobreviver. As gírias dão nome aos nossos sentimentos e rotinas, dos rolês aos perrengues.
Gírias universitárias que calouros e veteranos precisam conhecer
Abaixo, a seleção de gírias mais clássicas — e mais compartilhadas em grupos de Whats e prints de memes da faculdade.
📚 “Tomar pau”
Significa reprovar. Simples assim. Não é um elogio, mas é extremamente comum (infelizmente).
“Tomar pau em cálculo I é tipo o trote da vida real.”
🧂 “Tá no sal”
Você está em apuros. Pode ser em uma matéria, com um professor, ou com o TCC.
“Se eu não entregar esse trabalho até meia-noite, tô no sal.”
🎓 “Rodei”
Outra forma de dizer que foi reprovado. Bastante dramática, mas real.
“Rodei bonito em estatística. Vou ter que fazer de novo semestre que vem.”
🧪 “P1, P2, P3…”
São as provas do semestre. Algumas faculdades dividem o semestre em 3 partes: P1, P2 e P3. E sim, às vezes você vai querer sumir depois da P1.
“Tirei 2 na P1. Preciso tirar 10 nas próximas pra passar com 5. Socorro.”
🎭 “Atestado de óbito social”
Quando você entra na semana de provas e desaparece do mundo. Sem rolês, sem vida. Só estudo e choro.
“Entrando oficialmente no modo atestado de óbito social.”
🧨 “Prova surpresa”
O terror dos calouros. Geralmente anunciada com a frase “tirem uma folha”.
“O professor chegou sorrindo. Já sabia que era prova surpresa.”
😵 “Matou aula”
Faltou propositalmente. Muitas vezes por motivos nobres: dormir ou ver série.
“Hoje eu matei aula. Não aguentava mais ouvir sobre Kant.”
🧊 “Gelar matéria”
Quando você tranca uma disciplina por não conseguir mais lidar. E tudo bem.
“Gelei cálculo. Não dava mais. Vou pegar com outro professor semestre que vem.”
O glossário secreto de cada curso para calouros e veteranos
A universidade é onde a gente começa a aprender um vocabulário que vai acompanhar a vida profissional. Cada curso tem seus próprios termos técnicos, jargões e gírias internas — e entender esse idioma é um verdadeiro rito de passagem.
Direito
Você entra achando que vai falar de justiça e sai usando expressões como “rito processual”, “habeas corpus” e “nulidade absoluta” no meio do almoço.
Computação
Aqui rola de tudo: de “debugar” um código a “dar commit no GitHub”. Se não entendeu, tá tudo bem, ninguém entende no começo mesmo.
Biomedicina, Medicina, Enfermagem
Além das gírias clássicas de faculdade, rolam os códigos internos do hospital ou laboratório. “Paciente politraumatizado em parada” é tipo “deu ruim nível hard”.
Engenharia
Você aprende que “integral” não é só uma opção no pão. Tem “projetinho no CAD”, “resistência de material” e “semestre de cálculo” que parece infinito.
Letras e Humanas em geral
Rola um vocabulário denso, cheio de autores, teorias e palavras que às vezes nem o dicionário entende. “Discurso foucaultiano”, “análise estrutural” e “epistemologia” são apenas o começo.
Cada curso tem seu próprio idioma — e aprender isso já é metade da jornada. A outra metade é fingir que entendeu até entender de verdade.

A conexão entre linguagem, cultura e sobrevivência
As gírias universitárias são mais do que modinhas. Isso porque elas marcam o jeito como a gente vive essa fase tão intensa e transformadora da vida. Representam as pequenas batalhas diárias, o alívio cômico das provas difíceis, e até a união na hora do perrengue.
Quem aprende a linguagem da universidade não só se conecta com os colegas, mas também com a cultura que envolve tudo isso: os rolês no bandejão, os protestos, os memes e até os professores que têm bordões próprios.
Inclusive, se quiser entender melhor como é essa dinâmica entre calouros e veteranos, a gente já explicou tudo com muito bom humor por aqui.
Quando a zoeira vira afeto: gírias que aproximam calouros e veteranos
Pode parecer brincadeira, mas o uso das gírias universitárias também tem um fundo político e emocional. Em um ambiente muitas vezes cheio de pressão e desigualdade, o humor e a linguagem popular viram ferramentas de sobrevivência.
Expressões como “estudante não vive, sobrevive” ou “sem bolsa, sem almoço” escancaram o perrengue com leveza — e isso ajuda a criar rede, afeto e empatia.
A evolução das gírias no tempo
As gírias mudam com as gerações. Isto é, o que era comum nos anos 2000 virou cringe. E o que a geração Z trouxe — tipo “crush do RU”, “cancelado no grupo da sala” ou “prof que tem aura de vilão de anime” — já é parte da cultura atual. A universidade, aliás, sempre foi terreno fértil para essas transformações linguísticas.
Muito além do humor: as gírias conectam calouros e veteranos
Sobretudo, não importa se você ainda se confunde com a sigla P3 ou se já tá na fase do TCC com saudade da “vida mansa” da primeira fase. Ou seja, o importante é entender que as gírias universitárias não são só palavras jogadas no ar — elas são parte essencial da jornada de calouros e veteranos. Afinal, quando todo mundo fala a mesma língua, até o caos do semestre fica mais leve.