Estudar ouvindo barulho de café? Conheça a ciência dos sons

Imagina estar no meio de uma cafeteria movimentada, cercado por conversas abafadas, sons de xícaras batendo e uma playlist instrumental suave rolando ao fundo… e, surpreendentemente, isso te ajuda a focar mais nos estudos. Pode parecer papo de influencer de produtividade, mas existe uma explicação real por trás disso — e ela tem tudo a ver com a ciência dos sons.

Sim, o que você escuta enquanto estuda pode turbinar (ou acabar de vez com) sua concentração. Do ASMR ao ruído branco, passando pelas famosas playlists lo-fi, sons que antes pareciam meros coadjuvantes estão virando protagonistas na rotina acadêmica de muita gente. E tudo isso tem respaldo na neurociência — mais especificamente, na ciência dos sons.

O que é a ciência dos sons?

A ciência dos sons é uma área que estuda como diferentes frequências, ruídos e músicas afetam o cérebro humano. Ela analisa como sons podem influenciar o humor, a produtividade, o foco e até o desempenho cognitivo.

Na prática, isso significa que ouvir o som certo na hora de estudar pode melhorar sua concentração, estimular a memória e até reduzir o estresse. A ideia não é apenas “escutar música para relaxar”, mas usar o som como uma ferramenta de performance cerebral.

Esse campo é explorado por neurocientistas, psicólogos e educadores, que vêm descobrindo como ambientes sonoros moldam nosso comportamento — principalmente em momentos que exigem atenção, como uma sessão de estudos ou a preparação para uma prova.

Por que o silêncio nem sempre é o melhor amigo do foco?

Todo mundo já ouviu que, para estudar, o melhor é o silêncio absoluto. Mas a verdade é que o cérebro humano pode se distrair mais em ambientes totalmente silenciosos do que em cenários com ruídos controlados. Isso porque o silêncio, paradoxalmente, amplifica distrações internas, como pensamentos aleatórios e ansiedade.

Estudos da Universidade de Chicago mostram que níveis moderados de ruído ambiente — como o som de uma cafeteria — aumentam a criatividade e a capacidade de foco. O segredo está na estimulação leve do cérebro, que evita que ele entre no modo “stand-by”.

Ciência dos sons e técnicas de estudo com sons diversos

Ruído branco: o som que bloqueia o mundo

O ruído branco nada mais é do que uma combinação de frequências sonoras tocando ao mesmo tempo, como o som de um ventilador, uma TV fora do ar ou até uma chuva constante. Ele funciona como uma “máscara sonora”, abafando distrações externas e criando um ambiente estável para o cérebro se concentrar.

Além disso, ele ajuda a melhorar a qualidade do sono — o que é ouro para quem passa madrugadas estudando. Pesquisas do Sleep Foundation apontam que o ruído branco pode até acelerar o tempo que levamos para dormir e nos manter em sono profundo por mais tempo.

ASMR e sons que arrepiam (literalmente)

Aquela sensação de formigamento no couro cabeludo ao ouvir sussurros ou toques leves? Isso é ASMR — uma resposta sensorial autônoma do meridiano — e vem ganhando fãs no mundo todo. Embora não funcione para todo mundo, muitos estudantes relatam que esses sons ajudam a relaxar antes das provas, combater o estresse e até melhorar a memorização.

O que parece “só um vídeo estranho de alguém mexendo em papel alumínio” pode, na verdade, ter um efeito calmante profundo, como mostra uma pesquisa da Universidade de Sheffield. Ela indica que o ASMR reduz os batimentos cardíacos e aumenta o estado de relaxamento — o que favorece um estado mental mais receptivo à aprendizagem.

Lo-fi: o queridinho dos estudos moderninhos

Se você já usou o YouTube para estudar, provavelmente caiu no famoso “lofi hip hop radio – beats to relax/study to”. Essas músicas de batida lenta, repetitiva e sem letra não distraem o cérebro com informações extras. Pelo contrário: elas criam um ritmo de fundo que ajuda a manter o foco por longos períodos.

A popularidade das playlists lo-fi não é por acaso. Elas oferecem o chamado “estado de fluxo”, em que você entra em um modo ultra concentrado de produtividade. O segredo está na simplicidade: a música acompanha, mas não domina sua atenção.

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O som certo pode ser o segredo do seu foco nos estudos. Veja os diferentes tipos. / Foto: Freepik.

Sons que funcionam para uns, mas não para todos

Barulho de café, som de chuva, vento na floresta… cada som tem um efeito. Cada pessoa reage de forma diferente aos sons. Ou seja, enquanto uns preferem o som de ondas do mar, outros se concentram melhor ouvindo o burburinho de uma cafeteria. Por isso, testar diferentes tipos de áudio é essencial para descobrir o que realmente funciona pra você.

Alguns apps e plataformas (como Noisli, Brain.fm e Endel) oferecem sons personalizados com base na sua atividade — seja estudar, relaxar ou até se energizar. A ideia é simples: se o som pode te distrair, ele também pode ser usado como uma ferramenta de produtividade.

Técnicas não convencionais que estão ganhando espaço nas faculdades

Além dos sons em si, outras estratégias criativas estão mudando a forma de estudar. Muitas delas envolvem unir áudio a técnicas visuais e gamificadas, como:

  • Pomodoro com trilha sonora: Estudar 25 minutos com uma música de foco e descansar 5 com sons relaxantes.

  • Mapas mentais com ASMR de fundo: Para quem precisa relaxar antes de provas ou provas orais.

  • Gamificação do estudo com playlists temáticas: Transformar tarefas em missões, com trilhas sonoras de games ou filmes como plano de fundo.

Aliás, se você curte esse lado mais criativo da aprendizagem, vale conferir como a gamificação na educação está revolucionando o jeito de estudar — e de aprender.

A ciência dos sons é a nova aliada dos estudantes

Estudar não é só sobre livros abertos e olhos na tela. É também sobre criar um ambiente onde o cérebro se sinta confortável para aprender — e nisso, os sons têm um papel fundamental. A ciência dos sons mostra que música, ruídos e até sussurros podem se transformar em aliados poderosos da concentração.

Então da próxima vez que alguém perguntar se você está mesmo focado ou só ouvindo lo-fi à toa, já pode responder com embasamento: você está usando neurociência ao seu favor. Enfim, o que acha de apostar na ciência dos sons para aumentar sua produtividade?

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