Faculdade? Só depois de recuperar a banca. Uma pesquisa recente revelou um dado que deixou muita gente de queixo caído: 34% dos jovens adiaram a graduação em 2025 por conta de dívidas com bets, aquelas plataformas de apostas online que viraram febre no país. Se antes o maior obstáculo para entrar no ensino superior era o bolso apertado, agora o que está travando o sonho universitário é o jogo — literalmente.
A geração que cresceu com internet rápida e tudo no Pix mergulhou de cabeça no universo das apostas esportivas. E, mesmo com a promessa de dinheiro rápido, o que muitos encontraram foi o caminho oposto: boletos, estresse e um futuro adiado.
O impacto direto das bets no sonho universitário
Você já ouviu falar de alguém que entrou na faculdade e saiu devendo? Pois é, agora temos quem nem chegou a entrar porque ficou devendo antes mesmo de tentar. As bets, que se popularizaram com influenciadores e celebridades, criaram um novo tipo de armadilha para os jovens: a falsa sensação de controle.
Segundo a pesquisa do UOL Educação, os gastos com apostas consumiram boa parte da renda ou da ajuda financeira de muitos estudantes. O resultado foi adiar o vestibular, o Enem, a matrícula — e com isso, a graduação ficou para depois.
E o mais louco? Muitos desses jovens nem consideram isso um problema sério. Enxergam como um “azar do dia” ou “jogada errada”, sem perceber o ciclo que se instala.
Bets: quando o jogo vira vício e sabota o futuro
O que começa com uma graninha num jogo do Flamengo termina com o cartão estourado e o nome no Serasa. Os aplicativos de bets têm um apelo visual viciante, recompensas constantes e a falsa ideia de que “dessa vez vai”. Com isso, o tempo que poderia ser usado estudando para o vestibular vira tempo de tela no celular, tentando reverter prejuízos.
Há relatos de jovens que perderam bolsas de estudo, cortaram cursinhos e até desistiram de fazer a matrícula porque o dinheiro planejado para isso evaporou com as apostas. Isso sem falar no desgaste emocional e psicológico que esse comportamento gera.
E, convenhamos, quem consegue pensar em TCC com a cabeça cheia de dívida?
Influência digital: quando o feed empurra o vício
Não dá pra ignorar o papel das redes sociais nessa história. Muitos jovens entraram no mundo das apostas porque viram seus ídolos do TikTok ou YouTube ostentando ganhos altíssimos em poucos minutos.
Mas o que ninguém mostra é o prejuízo. O lucro que aparece no vídeo é só a pontinha do iceberg — por trás do entretenimento, tem uma indústria poderosa de marketing empurrando esse conteúdo pra timeline dos estudantes.
Aliás, já falamos por aqui sobre o que o caso da Virginia na CPI das bets revela sobre o novo mercado e como ele pode interferir na vida de quem ainda está buscando o primeiro diploma.
Quando apostar passa a custar o diploma
A decisão de adiar a graduação tem efeitos que vão muito além da sala de aula. Ela impacta a entrada no mercado de trabalho, reduz a renda futura e, claro, interfere na autoestima. A cada ano sem curso, sem estágio e sem networking, o jovem fica mais distante das oportunidades que o ensino superior pode proporcionar.
E mais: quanto mais tempo se fica longe dos estudos, maior o risco de desistir de vez.
Enquanto isso, as bets continuam crescendo. Só no Brasil, esse mercado movimenta bilhões. E não para por aí: há quem venda tudo para apostar, crie perfis falsos, e até entre em esquemas de pirâmide disfarçada.

A relação entre bets, saúde mental e a escolha pela graduação
Outro ponto importante que precisa ser falado é a saúde mental. Muitos jovens que se endividam com bets acabam desenvolvendo sintomas de ansiedade, depressão ou distúrbios relacionados ao impulso e à autossabotagem.
Essa sobrecarga emocional interfere diretamente na autoconfiança e nas decisões importantes da vida, como seguir ou não com a graduação. Em vez de buscar um curso ou carreira, esses estudantes passam a buscar apenas um alívio momentâneo, o que atrasa projetos pessoais e profissionais.
A relação entre vício em apostas e desistência dos estudos ainda é pouco discutida nas escolas, mas deveria estar no centro das conversas. Afinal, não é só sobre dinheiro, é sobre futuro.
Como as bets afetam a rotina antes da graduação?
Muito antes da decisão de adiar a faculdade, as apostas já começam a bagunçar a rotina dos estudantes. Quem está envolvido com bets frequentemente relata noites mal dormidas, queda no rendimento escolar e dificuldade em manter o foco em atividades mais longas, como estudar para o Enem ou fazer um simulado.
A ansiedade pelo próximo jogo ou resultado substitui o planejamento a longo prazo, típico de quem quer ingressar no ensino superior. Isso vai minando, aos poucos, o interesse pelo estudo, criando um ciclo onde o imediatismo vence a constância — e isso pode afastar qualquer um da graduação.
A rotina de estudos perde espaço para a adrenalina dos palpites, e quando o jovem percebe, o prazo de inscrição no vestibular já passou.
E os programas de apoio estudantil?
Apesar do crescimento das apostas, os programas de incentivo à educação ainda existem — e são importantes aliados para quem quer sair dessa. Iniciativas como FIES, ProUni e até novos modelos de financiamento podem ajudar a retomar os estudos.
A gente falou mais sobre isso neste conteúdo sobre programas do governo que impactam a universidade. Vale dar uma olhada.
A grande questão é: como fazer essa informação chegar até quem mais precisa, antes que a próxima aposta leve o dinheiro da matrícula?
E o que pode ser feito?
A discussão sobre regulação das apostas está em andamento, mas enquanto as leis não se atualizam, a informação segue sendo nossa melhor defesa. É importante conversar sobre o tema, seja na escola, na faculdade ou em casa.
O problema não está só nas bets, mas na forma como elas ocupam espaço na vida dos jovens. Falta orientação, falta política pública e, principalmente, falta visibilidade para essa realidade que afasta milhares de estudantes do ensino superior.
E se antes os motivos para não entrar na faculdade eram distantes (como distância, trabalho ou falta de grana) agora eles estão na palma da mão.
Bets, dívida e diploma: um triângulo perigoso
O dado é alarmante, mas também é um chamado à ação. Se bets já estão influenciando a decisão de 1 a cada 3 jovens sobre a faculdade, é hora de dar um passo atrás e repensar prioridades.
A graduação ainda é um dos caminhos mais seguros para melhorar a vida — e perder esse acesso por causa de apostas online é mais que um problema financeiro: é um alerta social.
Se você conhece alguém nessa situação, compartilhe este conteúdo. Informar pode ser o primeiro passo para retomar o controle e, quem sabe, voltar ao caminho da faculdade antes que seja tarde.